Os estudos relacionados às causas do consumo de drogas por adolescentes, jovens em idade escolar, demonstram que os jovens possuem uma predisposição ao consumo de drogas. O homem desde o nascimento é um ser vulnerável, limitado e influenciável, sobre estes aspectos comportamentais este capítulo apresentará as causas relacionadas aos estudos sobre o consumo de drogas por jovens.
Segundo BOUER (2006), não é só na adolescência que as pessoas consomem drogas, no entanto, o mais comum é que o primeiro contato com elas aconteça quando a pessoa é jovem. A adolescência é um período marcado por muitas mudanças, e toda mudança gera alguma angústia. O resultado pode ser insegurança, timidez e problemas com auto estima – e a droga pode parecer, aos olhos do jovem, a solução para conversar, fazer novas amizades e aprender como superar seus limites podem ser caminhos mais criativos para lidar com essas dificuldades.
A fase de transição da infância para fase adulta é motivo de estudos, discussões e controvérsias. Estudiosos da área afirmam que é uma fase difícil, complicada, onde os familiares necessitam de cuidado. Por outro lado a sociedade não leva estes fatos em consideração, principalmente quando relacionados a viveis sociais, onde os jovens são discriminados e não se leva em consideração esta fase de transição em sua vida cotidiana.


É comum a associação entre pobreza, criminalidade e uso de drogas, principalmente pela mídia; contudo, tais relações causais não foram comprovadas em virtude de se tratarem de associações complexas e multilineares, comprovando-se apenas associação entre drogas e violência, especialmente no tráfico de drogas ilegais. A caracterização do consumo de drogas entre escolares torna-se uma importante ferramenta para as políticas públicas na busca de auxílio para a prevenção e tratamento do abuso de drogas lícitas e ilícitas, assim como a procura de fatores associados ao consumo. (SILVA, 2006)


Por outro lado, SANTOS, 1997, em seu livro Prevenção de drogas na escola, relata no capítulo V as questões relacionadas ao que leva o jovem a consumir drogas. Muitas vezes as causas estão relacionadas além do prazer propriamente dito, mas também a influência dos amigos, a dificuldade em ser aceito em grupos ou mesmo na sociedade, segundo os especialistas 3 são os fatores que levam os jovens a toxicomania: a droga, o jovem e sua personalidade e o momento dele dentro da família e da sociedade.
No livro Adolescência e drogas (PINSKI e BESSA – orgs - 2004), A motivação é a força que compele um comportamento acontecer. Ela envolve um processo altamente integrado e essencial para a sobrevivência. Acredita-se que os circuitos cerebrais envolvidos na motivação são responsáveis pela impulsividade, pelas tomadas de decisão, pela manutenção de funções básicas – como se alimentar, beber, reproduzir – e, também, pela eventual dependência das drogas. Em circunstâncias normais, as vias nervosas envolvidas nessa função devem ser capazes de interagir com o ambiente externo e avaliar as condições internas para determinar o melhor comportamento a ser executado.
Segundo BOUER (2006), Drogas são todas as substâncias que interferem no funcionamento do organismo, alterando de alguma maneira o funcionamento de nosso sistema nervoso central. Esses compostos, também chamados de psicotrópicos, podem ser estimulantes (dão sensação de euforia), depressivos (diminuem a atividade do sistema nervoso) ou perturbadores (causam distorções nas percepções de nosso cérebro).
Aliadas a essas motivações fisiológicas que podem ser pré-estabelecidas pelo uso de drogas da mãe gerando um ser dependente químico também estão as motivações psicológicas, geradas na infância por diversos problemas vivenciados pelo indivíduo, como por exemplo:


O estresse infantil, especificamente, se manifesta de vários modos, desde a ocorrência de distúrbios físicos como obesidade, asma, úlceras e gastrites até a presença de fenômenos psicológicos como depressão, comportamento agressivo, ansiedade e abuso de substâncias químicas. Um detalhe importante é que a influência dos pais os seus substitutos parece ser determinante na resistência ou vulnerabilidade da criança ao estresse, já que os pais têm grande importância não só a hereditariedade, mas também como modelos de comportamento para os filhos: a criança pode aprender com eles a lidar com o estresse de uma maneira positiva ou não, inclusive recorrendo a drogas para enfrentá-lo. (PINSKI e BESSA – orgs, p. 37, 2004)


Além disso, na fase da adolescência, segundo BOUER (2006) é a fase de descobrir novas possibilidades, curiosidades, inquietação e pressão do grupo podem trazer a ilusão de que as drogas são capazes de abrir portas. O medo de ser excluído, a fantasia de que as drogas podem ajudar nas conquistas amorosas, de que a pessoa possa se tornar mais “poderosa”, de que as experiências ficam mais intensas, tudo isso contribui para a decisão de usá-las, mesmo que o indivíduo saiba dos riscos a que está se expondo.
Outra causa relacionado a iniciação ao consumo de drogas por jovens são os remédios, muito utilizados nas residências, a população brasileira tem tradição na auto medicação, acesso fácil, muitas farmácias disponíveis, e grande incentivos aos jovens, já que na infância os filhos observam seus pais se auto medicando. “Os adultos tomam tranqüilizantes para suportar sua inserção social. Os adolescentes tomam alucinógenos para recusar passivamente essa mesma inserção.” (Claude Olievenstein apud SANTOS, 1997)
Segundo BOUER (2006), outro tipo de produto usado fora de sua finalidade original para funcionar como droga recreativa são os remédios. Apesar de vários deles terem sua venda controlada nas farmácias, muitos jovens acabam usando medicamentos em busca de seus efeitos colaterais.
Levando em consideração estes estudos observamos as tendências do jovem ao iniciar o consumo de drogas, pode ser intrinsecamente ligado a fatores familiares, dependência dos pais, dependência primária a drogas lícitas como álcool e cigarro, convivência com estes fatores durante a infância. Já no início da adolescência outros fatores podem influenciar positivamente ao consumo de drogas, problemas familiares, a não aceitação por parte da sociedade, a convivência com o tráfico, vejamos alguns segundo Pinski e Bessa, 2004, p. 40.


A adolescência é um período da vida em que, naturalmente, há dificuldades para se suportar as recorrentes condições de estresse inerentes a ele. Afinal, há nessa idade uma forte carga de pressão social a exigir que os jovens, ao deixarem a infância, tornem-se menos dependentes de proteção e cuidados. (...) Estudos científicos recentes indicam que a idade mais precoce em que se registra o de uso de substâncias psicoativas gira em torno de sete anos, isso em uma população em tratamento. Verificou-se também que a iniciação ao uso dessas substâncias ocorre, em média, um ano mais cedo entre os adolescentes que vivem apenas com as mães, quando comparados com aqueles que vivem com ambos os pais e, ao menos teoricamente, seriam mais protegidos pelo ambiente familiar.


Outra questão a ser visualizada sobre causas ou influências ao consumo de drogas é a atuação da mídia, como fornecedor de exemplos negativos aos indivíduos resistentes, mas positivos aos indivíduos vulneráveis, vulnerabilidade essa já discutida anteriormente, relacionada a família, dependência indireta na infância.
Segundo PINSKY (2004), há cerca de três décadas, todos os estudos realizados sobre a influência da televisão no comportamento infanto-juvenil estão de acordo em um ponto: programas e filmes de tevê com conteúdo violento incentivam o comportamento agressivo dos adolescentes e crianças. Muitos pesquisadores têm inclusive elaborado teorias que relacionam a influência da mídia ao processo de aprendizagem infantil e à aquisição e manutenção de hábitos agressivos.
Segundo a autora (PINSKY, 2004), comparadas com os estudos sobre a violência, as pesquisas relacionadas ao impacto dos meios de comunicação e o consumo de substâncias psicoativas entre os jovens são bem mais recentes e seus resultados, por conseqüência, menos definitivos. No entanto, já há uma série considerável de estudos relativos a influência exercida, sobre os adolescentes, pelas propagandas de álcool e cigarro na televisão. Há, por exemplo, evidências de que, se por um lado, os resultados da maioria das campanhas educativas são bastante frágeis; por outro, a propaganda de bebidas alcoólicas influencia, de fato, o aumento do consumo do álcool por parte dos jovens.
Em relação ao Brasil, estudos científicos sobre a propaganda de bebidas alcoólicas são bastante raros:
Uma pesquisa que coletou dados entre 1992 e 1994 observou que a freqüência da propaganda de álcool na televisão é bem maior que a de outros produtos, como cigarros e bebidas não alcoólicas. Entre os temas mais freqüentemente exibidos nesses comerciais, estão o apelo a “símbolos nacionais” - como o carnaval e o futebol -, ao espírito de grupo, à sensação de relaxamento e ao senso de humor.
Por outro lado os programas de Educação para Mídia podem ser um outro caminho no auxílio à crianças e adolescentes a evitarem os programas de má qualidade e, na mesma medida, ajudar a reduzir o efeito da promoção indiscriminada de substâncias psicoativas pelos meios de comunicação em massa.
Esses programas de educação para mídia tem sido testados em muitos países, basicamente procuram ensinar crianças e adolescentes e escolherem e criticarem as atrações da tevê em função da qualidade. No Brasil iniciativas como esta não são muito freqüentes, segundo estudiosos por omissão da sociedade e também por falta de um controle institucional mais rigoroso, programas sem nenhum conteúdo educativos são apresentados como tal, e pais desavisados permitem que seus filhos os assistam sem reservas.
SANTOS, 1997, p. 88, apresenta um projeto de prevenção na escola, que passa por três etapas, evolvendo, respectivamente, os profissionais da escola, os pais e os alunos:
  • Na primeira etapa, chamada “escola”, realizam-se estudos, debates e treinamentos que envolvam o corpo técnico-administrativo e o corpo docente para que trabalhem o tema droga, não apenas intelectualmente, mas com todas as implicações afetivas e sociais (o que é atingido usando a metodologia psicodramática).
  • A segunda etapa envolve “pais”, e tem o objetivo de fortalecer mais o contato com as famílias, promovendo encontros e reuniões onde se possam trocar experiências, informações e orientações, procurando evitar alarmismos ou minimizações das questões referentes às drogas e priorizando trabalhar as dificuldades nas relações pais e filhos.
  • A terceira etapa – “alunos” – compreende diversas formas sutis de abordar o assunto, desde o espaço de discussão aberta oferecido pela orientação educacional, ao espaço interdisciplinar, planejado ou não no currículo escolar, com professores das diferentes disciplinas, atentos e sensíveis para captar as necessidades do seu grupo de alunos e para usar formas criativas de trabalhar seu conteúdo, correlacionando-o, quando possível, com temas da vida prática como adolescência, sexo e drogas.

Observa-se então a importância da informação tanto por parte da família como por parte da sociedade, das escolas. Programas de prevenção focando as causas da iniciação ao consumo de drogas, na infância e na adolescência no intuito de diminuir as causas que influenciam os indivíduos a fazer uso de drogas.
Segundo BOUER (2006), muita gente ainda fica assustada quando se fala de drogas. Não é raro ver pais que acham que conversar sobre isso vai aumentar a curiosidade dos filhos. (...) Não dá pra ficar fugindo dessa discussão. As drogas estão muito presentes em nossa sociedade e não vão sumir. Em vez de esconder o assunto e jogar a poeira para debaixo do tapete, os pais, as escolas, os meios de comunicação devem falar, esclarecer e discutir o assunto, porque só assim é possível trabalhar na prevenção do uso indevido de drogas. (...) É necessário explicar o que são drogas, de onde elas vêm, quais os efeitos procurados, o que motiva o consumo, quais os riscos e problemas e como cada um vai ter de aprender a lidar com essa questão.
Além das causas citadas anteriormente, verifica-se que a falta de diálogo provocada pelo medo, preconceito das pessoas em citar, o medo que automaticamente reflita como estímulo ao consumo pode acarretar falhas na educação, na concepção sobre o mundo das drogas, aumentando a vulnerabilidade das crianças e adolescentes.
Concluindo as discussões apresentadas neste capítulo sobre as causas do uso de drogas, verifica-se na literatura a necessidade em se evitar o contato com as drogas durante o período de maior vulnerabilidade dá tempo ao cérebro de completar seu amadurecimento e de serem implementadas medidas de fortalecimento para o enfrentamento de situações ambientais, possibilitando que a pessoa encontre formas alternativas de satisfação na vida, não restritas às drogas. Por essa conjunção de fatores devemos considerar a adolescência como uma etapa a ser, idealmente, protegida dos riscos e do envolvimento com substâncias psicoativas.
A prevenção às drogas na escola não é um bicho-de-sete-cabeças e deixa o risco de ser um incentivador ao uso, desde que a equipe escolar se reúna, prepare e construa um projeto de prevenção exeqüível, compatível com sua proposta pedagógica, com a introdução de atividades construtivas que valorizem o aluno, estimulem a autonomia, encorajem-no a fazer um exame crítico a ter responsabilidade por usas opções.
A família é um fator muito importante porque influencia seus indivíduos, a informação é muito importante, a prevenção na infância e na adolescência pode ajudar na diminuição de vulnerabilidade dos jovens ao consumo de drogas, apoio, conversas, diálogo fazem parte da educação e influência positiva ao não consumo de drogas.


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