Se
um passageiro saltar de um ônibus em movimento numa estrada, provavelmente se
machucará. Isso nos parece óbvio, pois ele está em movimento com o ônibus, em
relação à estrada; logo, quando saltar, estará com a mesma velocidade do ônibus
— mas, e se o ônibus buzinar? Que influência t em a velocidade do ônibus na
velocidade de propagação do som da buzina? A resposta é: nenhuma. Ao
contrário do passageiro, o som da buzina não está no ônibus. Som não é
corpo; é uma propagação ondulatória cuja velocidade é determinada pelas propriedades
do meio em que se propaga, independentemente do movimento da fonte na qual é
gerado. Se o ar estiver em repouso, a velocidade de propagação do som será dada
Mas
a experiência diária mostra que o movimento relativo da fonte e do observador
(ou ouvinte) influi nas características da onda sonora por ele percebida. Se
uma ambulância passa ao nosso lado c om a sirene ligada, percebemos uma nítida
e brusca variação na altura do som — de agudo para grave — durante a sua
passagem. Trata-se do efeito Doppler, nome dado em homenagem a seu
descobridor, o físico austríaco Christian Johann Doppler (1803-1853).Doppler
estava mais interessado em explicar a variação da cor de estrelas duplas, que
deveria depender da variação aparente da frequência da luz emitida por elas, em
razão de seu movimento. A primeira comprovação da validade dessa hipótese, no
entanto, foi obtida pela variação da frequência de uma nota musical emitida por
músicos em um vagão de trem em movimento. Conta-se que, em 1845, o professor C.
H. D. Buys Ballot (1871-1890), da Universidade de Utrecht, na Holanda,
colocou
trompetistas profissionais em um vagão de trem em movimento e pediu a eles que
t ocassem uma determinada nota musical. Ao lado da linha férrea, Ballot colocou
pessoas de reconhecida sensibilidade auditiva musical. Nos dias 3 e 5 de junho
desse ano, por várias vezes essas pessoas puderam ouvir essa nota emitida no
trem quando deles se aproximava com diferentes velocidades e todas comprovaram
a hipótese de
Doppler:
a frequência da nota musical por eles ouvida foi maior do que a emitida pelos
trompetes.
Efeito Doppler
Veja
as figuras:
Em
a está representado o perfil das ondas sonoras produzidas pela fonte F,
de frequência fF, em repouso em
relação ao solo. Supondo que não ha já vento e que a densidade do ar se já constante
na região, esse perfil pode ser representado por frentes de onda formadas por
superfícies esféricas concêntricas, separadas pelo comprimento de onda λ F.
As frentes de onda se afastam igualmente da fonte em todas as direções com a velocidade
do som vs. Em b, a fonte está em movimento para a direita, com
velocidade constante de módulo vF. A fonte se aproxima das frentes de
onda que estão à sua frente e se afasta das que estão atrás. A distância entre
as frentes de onda que estão adiante da fonte se reduz, enquanto a distância
entre as frentes de onda que ficam atrás aumenta. Observe a figura a seguir. O
número de frentes de onda que passam em determinado intervalo de tempo pelo
observador, em repouso em r elação ao solo, é maior antes da passagem da fonte F
do que depois. O observador que está em frente da fonte ouve um som de
comprimento de onda menor ( λa) e, portanto, frequência maior ( fa)
do que o comprimento de onda da onda emitida pela fonte, enquanto o observador
atrás da fonte ouve um som de comprimento de onda maior(λb) e, portanto,
frequência menor (fb).
Sendo
fF a frequência emitida pela fonte, vF o módulo da velocidade da
fonte e vS a velocidade do som, pode-se demonstrar que a frequência f
ouvida pelo observador em repouso quando a fonte dele se aproxima é:
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01- A figura representa
um observador à frente de uma ambulância com velocidade constante de 108 km/h e
a sirene ligada, emitindo um som de frequência 1 200 Hz. Sabendo que a velocidade
do som no local é 330 m/s, qual a frequência do som ouvido pelo observador?
Estrondos sonoros
Veja esta outra
foto de um estrondo sonoro
Ela
ilustra a aproximação das frentes de onda que estão adiante da fonte sonora em
movimento, causa do efeito Doppler e seu resultado: um estrondo sonoro. Esquematicamente,
essa situação pode ser explicada por meio da figura abaixo:
Quando
o avião atinge a velocidade do som, todas as frentes de onda se concentram no
ponto F. Nesse ponto, todas as amplitudes se somam e a intensidade da
onda sonora torna-se altíssima. Há um súbito aumento de pressão nessa região
(lembre-se de que as ondas sonoras são ondas longitudinais que se propagam no
ar na forma de compressões e rarefações).
As
frentes de onda representadas nessa figura são frentes de compressão cujo
efeito resultante é um formidável estrondo; logo atrás há uma superposição de frentes
de rarefação e, nesse c aso, como se vê na foto ao lado, o efeito é outro. A
súbita e intensa redução da pressão provoca a condensação do vapor de água
contido no ar nessa região
e
dá origem à nuvem que se observa em torno do avião e que o avião não atravessa a
nuvem, ele a cria; isso fica claro quando se observa a nuvenzinha formada logo
atrás da cabine do piloto, uma espécie de réplica do mesmo fenômeno. Assim que o
avião ultrapassa a velocidade do som, esse efeito inicial desaparece, mas a superposição
de ondas continua em uma região limítrofe, na qual se propaga uma onda de
choque chamada de cone sonoro. Veja a figura:
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