Geraldo dos Reis Souza

 

  

  Disponível em: <https://www.cbsi.net.br/2014/10/artigo-inclusao-digital-um-desafio-ser.html>. Acesso em: 12 de jan.2023.


1 Introdução

Na sociedade da informação, ambiente globalizado baseado na comunicação, informação, conhecimento e aprendizagem, o papel da disseminação da informação torna-se o alicerce da construção do conhecimento e formação cidadã (OLIVEIRA, 2000), a tecnologia da informação e comunicação (TIC) traz a democratização da informação e as possibilidades universais têm grande potencial para reduzir a exclusão social, embora, paradoxalmente, criem um tipo de exclusão nos países subdesenvolvidos, a exclusão digital. No Brasil, a exclusão digital é um problema social e político porque decorre da escassez de recursos causada pela distribuição desigual de renda no país.

Para integrar o Brasil à Sociedade da Informação, o Livro Verde foi publicado oficialmente em dezembro de 2000 e elaborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Apresenta um plano diretor com análises e diretrizes para a implementação de ações de desenvolvimento social digitalmente inclusiva. O Livro Verde e o MCT reconhecem (TAKARASHI, 2000, p. 05):

 

Hoje, mais do que no passado, o conhecimento é um dos principais fatores para superar a desigualdade, agregar valor, gerar empregos qualificados e disseminar o bem-estar. A nova situação teve um impacto no sistema econômico e político. A soberania e a autonomia das nações estão sendo reinterpretadas em todo o mundo, e a manutenção dessas soberanias e autonomia – que é essencial – depende claramente do conhecimento, da educação e do desenvolvimento tecnológico.


Eles também acreditam que:


Na era da Internet, o governo deve promover a popularização do acesso à informação e a ampla utilização dos meios eletrônicos de informação para conseguir uma administração eficiente e transparente em todos os níveis. Estabelecer e manter o acesso equitativo e universal à assistência cidadã é uma das prioridades da ação pública. Simultaneamente, os saltos tecnológicos são acompanhados por instituições políticas que impulsionam as políticas de inclusão social aspectos quantitativos e qualitativos das pessoas, ética e economia. A chamada “alfabetização digital” é um elemento-chave neste quadro.


O Livro Verde reconhece que é necessária uma política de universalização do acesso à internet para a inclusão digital da maioria da população brasileira. Como resultado, há uma proliferação de iniciativas destinadas a melhorar a alfabetização digital e o acesso às TIC, especialmente computadores e Internet.

A inclusão digital hoje praticada no país atende, na maioria, apenas à necessidade do cidadão aprender a usar a tecnologia visando inseri-lo no mercado de trabalho. Com esse objetivo, são oferecidos cursos que, por utilizarem o modelo fordista de transmissão de informações, não garantem a construção do conhecimento por meio da apropriação crítica de tecnologias que levem à mudança comportamental dos indivíduos e de seus grupos sociais.

Uma vez que o acesso não significa apenas conectividade física e acesso de hardware, ou melhor, não é o acesso à tecnologia que promove a inclusão, mas a maneira como a tecnologia atenderá às necessidades sociais e da comunidade local de maneiras procriativas críticas, como o digital. O papel do processo de inclusão deve ser a sua utilidade social. É preciso considerar a promoção do desenvolvimento sustentado e sustentável, melhorando a qualidade de vida das pessoas e reduzindo as desigualdades sociais e econômicas.

As apropriações críticas de utilidade social tratam de questões de informação cidadã, visando à criação de conteúdos de bem público, como segurança, saúde e educação, cuja disponibilização facilitará a interação dos cidadãos com o Estado, com impacto na qualidade dos serviços prestados e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida. 

Essa pesquisa se classifica como uma revisão de literatura realizada de forma exploratória a partir de uma abordagem qualitativa de material previamente selecionado a partir da utilização dos descritores. Quanto ao método, para verificar as contribuições nessa perspectiva, o que se propõe neste trabalho é que os programas de inclusão digital se preocupem em oferecer atividades contextualizadas às características dos grupos sociais envolvidos de modo que a utilização da tecnologia seja feita de maneira conexa ao modo de vida desses grupos e às suas necessidades, e que promovam a troca e a socialização de experiências entre indivíduos e grupos, mediadas pela tecnologia.


2 A Evolução da Sociedade Digital

 

No atual mundo digital, surgem cada vez mais inovações tecnológicas, que trazem mudanças não só na forma como as pessoas se comunicam, mas também no desenvolvimento social, cultural e econômico da sociedade. Segundo Carvalho (2003, p. 76), “Cada vez mais as informações são armazenadas em formato digital, aumentando a flexibilidade de recuperação e armazenamento. Isso possibilita a veiculação em diversos tipos de mídia”.

É a partir desses princípios inovadores que a sociedade passa a usar o computador como ferramenta principal para a sua inovação tecnológica e, por assim fazer, impõe aos indivíduos uma adequação para a utilização desse equipamento tão comum na vida moderna.

O mundo da mídia digital é um mundo novo com seus próprios benefícios. O simples fato de interagir com esse novo espaço traz uma série de vantagens para os indivíduos, principalmente para aqueles que ampliam seus conhecimentos a partir do aproveitamento dos avanços e dos recursos disponíveis. O uso da tecnologia virtual virou moda, mas não basta apenas distribuir computadores nas escolas, o uso de recursos midiáticos precisa ser inserido no método de ensino sem alterar o planejamento educacional.

 

Conforme Araújo, e em concordância com essas reflexões:

 

Diferente de sempre, hoje está começando a ver o computador como um momento de ferramenta. Uma ferramenta para escrever, calcular, desenhar, comunicar remotamente, criar, acessar e distribuir informações. Saber como usar um computador tornou-se crucial. É como uma segunda alfabetização. Como saber como usar um lápis ou livro. Não se trata apenas de conhecer algumas linguagens de programação, mas de conhecer os possíveis usos da tecnologia na sociedade da informação. (ARAÚJO, 2002, p. 26)


Os modelos de comunicação mais antigos foram então substituídos por modelos mais novos. Um modelo muitas vezes inovador e nunca pensado antes: escrever uma carta às vezes pode demorar muito para chegar ao seu destino, enquanto hoje, com apenas alguns toques, um e-mail é entregue ao destinatário em segundos.

Nesse contexto, para Fonseca (2005, p. 11), “a comunicação torna-se mais flexível, independentemente da localização geográfica dos indivíduos, e tende a formar grupos sociais que compartilham informações”.

Com a formação destas redes sociais interessadas na partilha de conhecimento e informação, a revolução tecnológica tem sido coadjuvada por inúmeros setores da sociedade: tanto os municípios como as empresas privadas estão interessados ​​em beneficiar desta nova oferta de comunicação e interação social, portanto, para Avanços tecnológicos antes limitados a escalas industriais abrem novos rumos.

Segundo Fonseca (2005), após a Revolução Industrial, no século XVIII, iniciou-se a era da tecnologia, iniciando-se nas áreas de engenharia e eletrônica. A popularização da microeletrônica aconteceu realmente na década de 1970 com o advento do microchip, que miniaturizou o computador e popularizou seu uso, até então restrito a ambientes acadêmicos e empresariais. Somente no final do século XX surgiu a Internet, a mais completa forma de conexão tecnológica já feita por meio de computadores. A Internet possibilita o compartilhamento de informações sobre os mais diversos assuntos e classes sociais sem limitar o espaço geográfico.

Assim, a Internet passou a disseminar o conhecimento entre os indivíduos de uma nova forma, compartilhando informações em tempo real. Para inúmeros escritores, essa nova cultura formada pela prática de desenvolver formas materiais e espirituais é chamada de cultura de rede e desempenha um papel importante na socialização e transformação da sociedade. A Internet parece ter penetrado em diferentes setores da sociedade, desenvolvendo assim uma rede que coloca diversos tipos de assuntos à disposição de seus usuários.

Para Moran (1997), a Internet criou uma ponte para troca de experiências, dúvidas, materiais e assuntos pessoais com pessoas próximas e distantes. Usando os recursos da Internet, encurta-se a distância e aumenta-se muito a possibilidade de interagir com o mundo virtual. Foi por meio desse novo modo de interação que os computadores começaram a ser utilizados para o ensino na educação.

Segundo Teixeira (2007), a tecnologia está integrada ao cotidiano e à educação. Acredita-se que à medida que os recursos tecnológicos entram nas escolas, o processo de ensino pode ser facilitado.

Embora esteja claro que a aplicação de ferramentas tecnológicas em computadores é benéfica para a educação, é preciso que as escolas nunca percam o foco na disseminação do conhecimento responsável. Diante desses argumentos, Moran observa:


Hoje, com a internet e a tecnologia fantástica, existem muitas maneiras de aprender de maneiras diferentes em lugares diferentes. A sociedade na totalidade é um espaço privilegiado de aprendizagem. Mas a escola continua sendo a principal organizadora e certificadora do processo de ensino. (MORAN, 2000, p. 1)


Assim, novas abordagens e propostas trazidas pelos avanços tecnológicos podem ser validadas no campo da educação. Todos querem colaborar para um ensino de maior qualidade e participar do processo de desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação.


3 Considerações Finais

 

A educação e a sociedade estão em constante processo de evolução e adaptação à medida que a tecnologia avança. A mídia passou a utilizar a informação de forma virtual, impondo assim certa pressão sobre o indivíduo para que também se adaptasse ao uso das novas ferramentas e recursos disponíveis.

No entanto, pode-se concluir com este trabalho que a inclusão digital é mais do que o acesso à tecnologia e seus usos. Está associada à motivação e capacidade de utilizar as tecnologias de informação e comunicação (TICs) de forma agressiva e crítica, não esquecendo que existem várias barreiras a ultrapassar, como a distribuição desigual do rendimento, baixos índices de escolaridade e conhecimento limitado.

Para quebrar essas barreiras, são necessárias estratégias que promovam o acesso às TICs por populações de baixa renda. A partir deste trabalho pode-se constatar que já existem alguns projetos já em prática, mostrando que todos têm potencial para desempenhar o papel de cidadão, tudo bem que os governos tenham a responsabilidade de implementar essas mudanças, mas o setor privado pode e tem condição também de fazer sua parte.

É neste ponto que entra o verdadeiro papel da inclusão digital como um condutor para a inclusão social.

 

4 Referências Bibliográficas

 

ARAÚJO, Liliane. Educação e Informática: Os Desafios da Inclusão digital. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina: UFSC, 2002.


CARVALHO, José Oscar Contamine de. O papel da Interação Humano-Computador na Inclusao Digital. Campinas: PUC, 2003.


FONSECA, Magna de Carvalho. Letramento Digital: uma possibilidade de inclusão social através da utilização de software livre e da educação à distância. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a Universidade Federal de Lavras. Minas Gerais: FAEPE, 2005.


MORAES, Maria Cândida. Informática educativa no Brasil: um pouco de história. v.12, n. 57, jan./ mar. 1993. Brasília, 1993.

MORAN, José Manuel. Como utilizar a internet na educação. Revista Ciência da nformação. v.26, n. 2, maio./ agosto. 1997. Porto Alegre, 1997.


OLIVEIRA, Maria Odaísa E. de. A disseminação da informação na construção do conhecimento e na formação da cidadania. In: XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 2000, Porto Alegre. Anais .... Porto Alegre: PUCRS, 2000.


TEIXIERA, Giselle da Silveira. Uma Análise o Computador Como Ferramenta de Ensino – um Estudo de Caso de Professores de Língua Portuguesa. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a Faculdade Metodista de Santa Maria. Santa Maria: FAMES, 2007.


TAKARASHI, T. (Org.). Sociedade da Informação no Brasil: livro verde. MCT, Brasília, 2000.


 


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